Pós-graduações IMED 2013

domingo, 29 de janeiro de 2012

Pôsteres apresentados no V Congresso de Avaliação Psicológica/2011

O CETEST participou do V Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica, que ocorreu entre 31 de maio e 4 de junho de 2011 em Bento Gonçalves. No congresso ocorreram mesas-redondas, cursos e apresentação de trabalhos e pôsteres. Aproveitamos o momento para apresentar um breve estudo sobre os pôsteres apresentados, e que podem ser indicativos das tendências em pesquisa na avaliação psicológica contemporânea.

A amostra desta análise abrange 97 pôsteres. A maior parte deles é de avaliações e/ou estudos de caso. Em seguida vêm os trabalhos estudando testes psicométricos e de revisão bibliográfica ou estudos teóricos, que aparecem quase empatados. Finalmente, seguem os trabalhos com caráter de pesquisa com a aplicação de algum instrumento, e finalmente estudos com testes projetivos.


Chama a atenção a grande quantidade de estudos de caso e revisão de bibliografia. Estes dados parecem indicar tendências ou preferências de pesquisa, talvez pela facilidade e praticidade na elaboração de estudos de caso ou na compilação de dados já existentes na bibliografia. Contudo, estudos de casos indicam uma preferência por análises singulares, característica da prática clínica, e estudos teóricos talvez agregem menos em termos de inovação no conhecimento, servindo mais como uma síntese. Também chama a atenção a última posição em número de trabalhos sobre técnicas projetivas, mostrando uma forte ênfase em instrumentos psicométricos.

Em relação à teoria de referência, para os 23 pôsteres que utilizaram instrumentos em seus estudos, nota-se que em metade deles não há referência explícita à teoria utilizada. Os demais trabalhos apresentam heterogeneidade de teorias, indicativo de uma diversidade de temas e dimensões avaliadas.


O fato de não haver referência explícita à teoria de base dos instrumentos utilizados pode ser indicativa de uma falta de preocupação com os conhecimentos que norteiam o tema ou o instrumento. Em nossa opinião, numa área tão complexa e diversificada como é a psicologia, o ponto de partida de um trabalho deveria ser a menção explícita à teoria utilizada. Não fazer uma menção clara a isso pode prejudicar a qualidade do trabalho, visto que a psicologia está longe de ter unidade teórica; assim, esta clareza precisa estar presente.

Há uma diversidade interessante de traços, características e/ou comportamentos avaliados nos trabalhos apresentados que utilizaram instrumentos psicológicos. O gráfico abaixo mostra esta diversidade, indicando que a pesquisa com instrumentos não está restrita a um tema ou área específica, sendo bastante abrangente.


Dos 23 instrumentos dos trabalhos, 10 deles são novos, construídos no Brasil ou no exterior. Nove outros estudos dizem respeito a instrumentos traduzidos, validados ou não, e quatro estudos referem-se a processos de revisão, necessários para que se mantenham atualizados de acordo com as orientações do CFP. Assim, há um equilíbrio entre testes brasileiros e testes traduzidos, que pode sugerir a forte influência de instrumentos estrangeiros sobre o trabalho dos pesquisadores brasileiros.


Sobre o público dos estudos dos 23 trabalhos com instrumentos, observa-se que a maioria deles é com população adulta, seguido por investigações com crianças e instrumentos para amostra mista, como por exemplo, crianças e adolescentes. Somente um estudo faz referência à casais e família e dois deles para idosos.


A hegemonia da população adulta nos trabalhos, seguida pelos estudos com a população infantil, indica tendências de pesquisa e construção de instrumentos psicológicos com estas amostras. Contudo, a escassez de instrumentos para idosos e para casais e família pode indicar uma lacuna, ao mesmo tempo em que é sintomática. No caso de estudos com casais e família, isto pode ocorrer em virtude de uma prática de não realização de avaliação clínica com instrumentos, prática historicamente associada às teorias predominantes de casais e família que de certa forma são refratárias ao uso de instrumentos de avaliação.

A avaliação psicológica brasileira, sempre a par dos desafios propostos, pode lançar um olhar para os aspectos apontados nestes comentários. Estudos com testes projetivos talvez mereçam atenção especial dos pesquisadores, visto que estes instrumentos são largamente aplicados no contexto clínico, e é notável o baixo número de pesquisas com estes instrumentos nos pôsteres do congresso. Talvez isso se deva à complexidade da avaliação projetiva, que é ao mesmo tempo a sua riqueza, mas que, em termos de pesquisa, traz grandes desafios.

E por fim, cremos ser fundamental que os trabalhos mencionem explicitamente, como já comentado, a teoria de referência, pois não ter esta informação claramente pode prejudicar a compreensão do leitor sobre os pressupostos utilizados na avaliação com o instrumento.

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