Pós-graduações IMED 2013

terça-feira, 28 de agosto de 2012

A sede da alma


Na história da neurologia, houve um período em que se acreditava que os ventrículos cerebrais eram a sede da alma.

Defendida pela Igreja Católica, tal idéia baseava-se na suposição de que o cérebro, por ser material, era imperfeito para ser o ponto de contato entre a alma e o corpo; os ventrículos, por sua vez, continham os espaços vazios e puros onde a alma poderia se manifestar em sua magnitude. Esta doutrina ventricular teve sua origem no século IV d.C. baseada nas idéias de Galeno.


Fonte: encydia.com

Para além de permitir a veiculação de uma substância imaterial como a alma, havia outro ponto que agradava a Igreja: o fato de serem reconhecidos à época três ventrículos encaixava-se bem com a doutrina da santíssima trindade. Caberia a cada um deles ser responsável por certas funções mentais, como a percepção, o pensamento e a memória.

Esta doutrina vigorou até que outra, chamada frenologia, demonstrou que determinadas áreas do cérebro, e não os ventrículos, eram os responsáveis pelas funções mentais. Mesmo que a teoria de Gall fosse depois demonstrada como incorreta, serviu como substituto à teoria dos ventrículos, e deu as bases para o moderno localizacionismo.

Fonte: HERCULANO-HOUZEL, Suzana. A frenologia e o nascimento da neurociênca experimental. In: LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo: Atheneu, 2005. Cap. 1, p. 20-21.